Qual é a diferença entre “orar” e “rezar”? A oração do “Pai Nosso” é uma reza? O que há de exemplo na Bíblia?
Se estudarmos a origem latina (rezar em latim é “recito”) da palavra
“rezar” vamos descobrir que ela traz um significado de “recitar”, “ler
em voz alta”, “apresentar lendo”, “citar”, “pronunciar uma fórmula”,
“repetir”, “dizer de cor”. Este estudo da raiz e da significação do
termo “rezar” nos mostra que tal palavra se aplica melhor às preces
prontas, de autoria de terceiros, que aprendemos e repetimos.
Já o verbo “orar” tem suas raízes no termo latino “oro”, que significa
“dizer”, “falar”, de onde também se deriva o termo “oral”, ou seja,
“dito”, “falado”. Este entendimento se encaixa melhor com as preces na
forma de uma fala, uma conversa. Orar é abrir o coração a Deus, como a
um amigo.
A
partir de textos Bíblicos temos hoje algumas “rezas’ que são praticadas
por cristãos que fazem destes textos suas preces, como por exemplo os
salmos 91, 23, etc. Entretanto não há nenhuma ordem bíblica para que se
tome tais ou outros textos, decore-os e transforme-os em freqüente
oração.
Existe também o que chamamos de “Oração do Pai Nosso”, que é o texto de Mateus
6:9sp-13. Entretanto, não se pode dizer que era intenção de Jesus
determinar que seus discípulos praticassem uma reza, como podemos ver no
verso sete, através de Sua admoestação “não useis de vãs repetições”.
Este termo (“vãs repetições”) não se refere à repetição de um pedido,
mas a um murmúrio vazio e preces longas que confundem verbosidade
insignificante com piedade.
Quando
Jesus disse “Portanto, vós orareis assim:” Ele não estava determinando
que se repetisse, sempre e decoradamente, cada palavra da oração modelo
que em seguida proferiu. “Orareis assim” quer dizer, orem com este
sentido, seguindo estes princípios explicados dos versos 5-8 e conforme
esta estrutura e seqüência da oração modelo, redigida nos versos 9-13. A
oração modelo ensinada por Jesus seguia um padrão, um “orareis assim”,
praticado naquele contexto de cultura religiosa judaica. As orações dos
judeus sempre começavam com uma invocação que era seguida de duas seções
de petição. A primeira seção continha três pedidos que invocam
interesses do céu e a segunda, quatro pedidos quanto aos interesses
terrenos próprios. No final, sempre havia uma doxologia.
O
“Pai Nosso” se divide em duas partes. Na primeira, após a invocação, há
três petições referentes a Deus: ao seu ser, ao seu Reino e à sua
vontade. Na segunda parte, as petições são feitas na primeira pessoa do
plural ("nós"), pois o cristão ora como membro de uma comunidade de
salvos. Ele pede alimento, perdão e vitória na tentação.
Portanto,
em seu sentido e objetivo primários, o “Pai Nosso” não é uma reza, mas
um modelo de se construir uma oração. A prática da tradição cristã
transformou o “Pai Nosso” numa reza, fazendo chegar até mesmo a ser uma
“vã repetição”. O que Jesus ensinou foi a oração que reconhece o governo
necessário de Deus em cada aspecto da vida e sociedade.
Na
Bíblia há muitos exemplos de orações. Tais preces sempre se mostram ser
uma fala do ser humano para com Deus. Uma conversa espontânea,
diferente de um recital decorado. Alguns exemplos podem ser vistos nas
orações de Davi (1Cr 29.11-13), Jonas (Jonas 2:1-10), Neemias (Neemias 2:4, etc), Ezequias (Isaías 38:1-5), o ladrão na cruz (Lucas 23:42), o fariseu e o publicano da parábola (Lucas 18:9-14), o Senhor Jesus Cristo (João 11:41-42; Lucas 23: 34; João 17), etc.
A oração é a chave na mão do crente para acessar o trono de Deus. É o
meio de comunicação entre você e seu pai de amor. Você pode ser uma
grande pessoa de oração. Reserve um tempo especial, num lugar separado, e
converse com Deus, sobre suas mais diferentes alegrias e anseios. Ele
te ouvirá. Você e Deus ficarão íntimos e você descobrirá em Jesus o seu
melhor amigo!
Orai sem cessar!
Fonte: Valdeci Jr.